quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Captopril

Desde que abri o blog o post mais comentado e visitado, de longe, foi o do tal do NQI. Nunca dei importância para esse "preparado" que "dissolve" cálculos renais e escrevi o texto só para informar. Digamos que na pequenez deste modesto blog o tema "bombou". A repercussão foi tanta que vou testar a minha hipótese de que ninguém vai se dar muito ao trabalho de defender e falar bem efusivamente do captopril que, comprovadamente, diminui a chance de muita gente morrer.
Essa droga é um fantástico anti-hipertensivo, previne infartos e derrames, diminui o dano renal em pessoas com diabetes que perdem proteína excessivamente pela urina, diminui a mortalidade de portadores de insuficiência cardíaca retardando a progressão da doença e daqueles que sofreram um infarto e, provavelmente, proporciona benefícios ainda não comprovados cientificamente. Considerando o mínimo, o captopril já adiou a morte de milhões de pessoas, seguramente. Muito mais do que qualquer medicamento que efetivamente dissolva cálculos renais poderá um dia fazer. Poderá. Porque hoje não pode, pois não existe.
Os primórdios do captopril, sintetizado pela Squibb, remontam ao interior do Brasil. O Dr. Sérgio Ferreira na década de 60 verificou que o veneno da jararaca possuia propriedades hipotensoras. Um extrato do "fator potencializador da bradicinina", que era responsável pelo efeito hipotensor, foi produzido a partir dele. Depois, sem que o Brasil possuísse capacidade técnica para tal, esse pesquisador levou o tal extrato para o Dr. Vane, nos EUA, que o usou como modelo para sintetizar a droga captopril.
A droga foi patenteada em 1977. Nos EUA.
Dizem que os EUA roubaram a idéia do Brasil. Ouvi bastante isso na faculdade. Mas, talvez, se não fosse o Dr. Ferreira, o Dr. Vane e a Squibb, até hoje o captopril estaria num laboratório em Ribeirão Preto esperando para ser descoberto.
Aguardo testemunhos.

2 comentários:

  1. Pelo visto ninguém nunca ouviu falar sobre esse medicamento. Fiz pesquisas na internet e não achei ninguém que falasse ou desse um depoimento sobre tal produto.

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  2. O que confirma a minha hipótese, Rafael.
    Se de um "preparado" qualquer que nunca fez ninguém morrer um minuto que seja mais tarde há essa efusiva defesa e recomendações na net "leiga" e de um medicamento que salva vidas a adia mortes ninguém fala quase nada, é porque algo está errado. É como aquela música, ou é ruim da cabeça ou doente do pé. Ou... como um vendedor bom fala bem do seu produto.

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